Reli um texto há uns dias atrás e me peguei pensando nos ciclos que temos em nossa vida e em tudo o mais que por vezes ficamos por um tempo sofrendo e nos preparando para efetivarmos o desprendimento final.
Quer sejam situações de âmbito pessoal ou profissional, por vezes ficamos um grande tempo na obscuridade, alheios ao entendimento pleno e presos na angústia, na indecisão e na improdutividade de ações que nos tornem felizes e capacitados como agentes modificadores de nosso próprio futuro.
Relembro aqui as decisões que envolveram meu começo na carreira propriamente dita de representante comercial.
Lembro que quando recebi o convite para ingressar nessa carreira já gostava muito de todo o ambiente que envolvia os afazeres de um representante comercial.
Vi meu pai sustentar toda a família nesse trabalho e sempre gostei dessa função de misturar parte organizacional com saídas externas e um pouco de viagem, mesmo que em curtos roteiros. Por vezes em grande parte eu ia junto e achava muito legal, pois meu velho tinha um jeito bem tranquilo de atender a clientela, um jeito bem especial… achava o máximo ele ser recebido com sorrisos, abraços e piadas e retribuir com os mesmos sorrisos, abraços e piadas, de maneira a tornar os atendimentos leves e descontraídos.
Em primeiro momento, achava isso legal pela maneira divertida como ele passava o dia, sem nada até o momento de admiração que viesse relativa à maneira de ganhar dinheiro com isso, mas sim pela admiração e o modo como seus clientes o recebiam… e isso, em muito tentei me espelhar, pois esse ritmo combinou comigo, era uma coisa dele que sempre quis ter…
Buenas, quando recebi o referido convite, pensei em tudo isso, pensei em toda a história…e essa é a parte boa…
A parte angustiante era justamente encerrar o ciclo…
Sair da segurança de algo “fictício fixo” todo o mês para o “incerto certo” todo o mês…sustentar um carro na rua para o trabalho, zer capaz de cativar clientela… ser capaz de atender bem… ser capaz… no âmbito geral da palavra…e nisso entrei num turbilhão de angústias, perguntas sem resposta e fórmulas e estratégias infindáveis para tentar me manter seguro…era um grande medo de sair da zona de conforto.
Nisso eu li parte deste texto que repasso a vocês e que releio por vezes quando estou em um momento de angústia… espero que os alivie quando estiverem em semelhante situação.
Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao fim.
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos.
Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos que já se acabaram. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas possam ir embora. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Um grande abraço, ótimas reflexões a todos!
Horácio Almeida.