Faço minhas as palavras de Lauro Quadros no programa Sala de Redação, de 30.03.2011, não reproduzirei na íntegra o que ele falou, mas o contexto dos dois comentários foi muito interessante.
Em um deles o Lauro falou que “os bons estão indo primeiro que os ruins” e no segundo comentário ele falou que a imprensa, conhecida por separar o joio do trigo e publicar o joio, fazia desde ontem, data do falecimento de José Alencar, ex-vice de Lula,várias reverências, notas de agradecimento e demais comentários positivos ao ex-vice presidente.
Ao voltar a ouvir a Rádio Gaúcha na tarde de hoje, ouvi no programa do Lasier Martins o presidente de uma instituição dizer que José Alencar em uma de suas conversas com ele em se falando sobre gestão e pós-gestão no governo, ele recitou a seguinte poesia de Nelson Cavaquinho:
Sei que amanhã
Quando eu morrer
Os meus amigos vão dizer
Que eu tinha bom coração
Alguns até hão de chorar
E querer me homenagear
Fazendo de ouro um violão
Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora
Me dê as flores em vida
O carinho, a mão amiga,
Para aliviar meus ais
Depois que eu me chamar saudade
Não preciso de vaidade
Quero preces e nada mais
José Alencar foi além de um político com uma fama indelével (comparado aos coiotes que temos por aí) ainda foi um empresário arrojado e moderno.
O que mais me identificou com ele foi a guerra contra os altos e especulativos juros que toda a comunidade consumidora paga, buenas, mas isso não é o principal.
Ouvi nos noticiários de ontem, em vários depoimentos com o mesmo componente… dizendo que José Alencar foi um lutador e todos nós ficamos comovidos… eu mesmo me comovi quando o médico divulgou o boletim dizendo que o ex-vice presidente estava “se preparando para descansar”.
Porém faço aqui um comparativo sobre o resto da população… em minuto algum quero desmerecer a potencialidade, a gana e a obstinação que José Alencar teve até seus últimos dias de permanecer vivo, porém alguns boletins disseram que ele se encontrava muito sereno nos seus últimos instantes, e deveria ser mesmo não é??
Desesperados devem ficar aqueles que estão na fila do SUS nos hospitais desse Brasil afora…
Desesperados devem estar os que agora estão sentindo dor e sequer sabem que tem um câncer, um tumor ou algo assim…
Os que esperam 12, 14, 20 horas em uma emergência de hospital, onde quem está morrendo primeiro é atendido primeiro, para “despachar” de uma vez a demanda..
Onde operam o joelho errado das pessoas.
Retiram vesículas quando deveriam retirar apenas pedras…
Para fazerem curativos amputam dedos de crianças…
Daí eu fico pensando… qual o tipo de merecimento para cada tipo de lutador??
Será que várias pessoas não teriam resistido tanto quanto José Alencar se tivessem a oportunidade de se tratarem de maneira correta, humana e na urgência devida de cada caso?
httpv://www.youtube.com/watch?v=RoHdNHh8gbo
Será que não teríamos mais pessoas denominadas como lutadoras? Como guerreiras? Se elas tivessem a oportunidade de se tratar até o último momento, sentirem que elas próprias fizeram e que a comunidade médica e científica fez o máximo por ela, assim como os relatos da família de José Alencar aos jornalistas de que ele foi a pessoa mais forte e mais serena agora no final de sua trajétória…o que não deixa de ser uma obviedade, pois ele próprio sabia que já havia se tentado de tudo de sua parte e da parte dos outros para manter-se vivo…
Aí trata-se de outro ponto de grande diferença. José Alencar morreu perto dos seus, perto da família e de forma digna e humana creio eu, onde tanto ele como seus familiares puderam dar atenção ao momento e a pessoa, totalmente diferente dos procedimentos de SUS e outras instituições que conhecemos a por vezes nas quais até a confiançã de nossa saúde está confiada.
Creio que a morte de José Alencar, além de me fazer pensar nos fatos que ele protagonizou e nos outros em que ele foi co-autor, de tudo, também me fez pensar muito nessa parte da humanidade, dignidade e resguardo de uma memória.
Me despeço com mais um pouco da poesia de Nelson Cavaquinho, da qual José Alencar gostava e com um dos pensamentos dele que mais “fechavam” com os meus.
httpv://www.youtube.com/watch?v=jNNZUFH8R3s
Grande abraço.
Horácio Almeida.